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Nova Área de Importância para Mamíferos Marinhos pode ajudar botos-de-Lahille

◔ 23/12/2024 07h16min   ‣   Categoria: Geral   ‣   Tags: #boto #barra do rio Tramandaí #Áreas de Importância para Mamíferos Marinhos #projeto botos da barra

Em setembro, a União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN) reconheceu 33 novas Áreas de Importância para Mamíferos Marinhos (IMMA, na sigla em inglês), todas no Atlântico Sul Ocidental. As novas áreas se localizam na costa do continente sul-americano, entre as Guianas, no norte da Amazônia brasileira, e a Terra do Fogo, na Argentina. As áreas mapeadas e definidas são resultado de anos de pesquisas científicas e da integração de pesquisadores/as de diferentes países.

Você pode conferir o mapa completo com essas e outras IMMAs. Existem 242 IMMAs reconhecidas atualmente.

Como explica uma matéria recente do Fauna News sobre o tema, apesar dessas áreas não terem caráter regulatório, o reconhecimento internacional auxilia no direcionamento de ações prioritárias para conservação, além de promover a cooperação e a destinação de investimentos para pesquisas científicas. 

O que são as IMMAs?

As IMMAs reconhecem hábitats que são fundamentais para a manutenção e a sobrevivência de diferentes espécies e para a diversidade de espécies. Elas funcionam como uma priorização espacial de áreas que merecem ser delimitadas (através da criação de unidades de conservação), salvaguardadas de atividades antrópicas impactantes (como projetos de eólicas offshore ou de extração de petróleo) ou pelo menos manejadas (através do monitoramento e da definição de estratégias territoriais). Medidas como essa são extremamente relevantes para ordenar, delimitar e/ou regular atividades humanas no ecossistema marinho, contribuindo para a conservação de ecossistemas críticos para a conservação.

As IMMAs são definidas a partir de critérios (e subcritérios) que tornam possível a priorização de áreas, sendo:

Critério A – Vulnerabilidade de espécies ou populações (áreas importantes para recuperação de espécies ameaçadas e/ou em declínio).

Critério B – Distribuição e abundância (áreas com populações pequenas e residentes ou onde haja agregações/concentrações de espécies).

Critério C – Atividades chave do ciclo de vida (áreas reprodutivas, de alimentação e/ou rotas migratórias).

Critério D – Atributos especiais (como áreas que sustentam populações com características ecológicas, genéticas e/ou comportamentais distintivas ou áreas que sustentam importante diversidade de espécies).

Para o boto-de-Lahille (Tursiops gephyreus), espécie categorizada como “Em Perigo” de extinção no Brasil, a IMMA definida como “Ecossistemas costeiros do Sul do Brasil e do Uruguai” é especialmente relevante. Essa IMMA se estende de Florianópolis (SC) até o rio da Prata (Uruguai) e abrange toda área costeira onde ocorre uma das duas subpopulações da espécie.

Essa subpopulação ocorre no Sul do Brasil e no Uruguai e é dividida em cinco pequenas unidades de manejo. Esforços do Projeto Gephyreus nos últimos cinco anos indicam que há um total de menos de 400 indivíduos para toda essa subpopulação na área abrangida pela nova IMMA. Através do Projeto Gephyreus, sete equipes de pesquisa têm monitorado indivíduos de boto-de-Lahille em diferentes áreas pela técnica de fotoidentificação. Os resultados têm mostrado como os indivíduos de cada unidade de manejo são residentes nos estuários e na foz dos rios onde ocorrem e como essas áreas são essenciais, não apenas para a sua alimentação como também para o cuidado parental com seus filhotes, incluindo a transmissão cultural de táticas de forrageio distintivas.

O boto-de-Lahille foi enquadro em diferentes critérios de qualificação: o Critério A, por sua baixa abundância e número de indivíduos (o que torna tanto a espécie como essa subpopulação vulneráveis); o Critério B, por suas cinco unidades de manejo serem muito pequenas e residentes; e o Critério D, por suas “distinções”, que dizem respeito às suas características genéticas, comportamentais e ecológicas distintivas, incluindo a cooperação entre pescadores artesanais e botos. Essa interação, conhecida como pesca cooperativa, ocorre de forma ativa e frequente apenas na barra do rio Tramandaí (RS) e no estuário de Laguna (SC). É uma das raras interações mutualísticas que ainda ocorre entre cetáceos e humanos no mundo.

A priorização e o reconhecimento dessa IMMA se somam a outras políticas públicas que têm buscado contribuir para a conservação do boto-de-Lahille, como sua inclusão no Plano de Ação Nacional dos Cetáceos Marinhos Ameaçados de Extinção e a patrimonialização da Pesca Artesanal com Auxílio de Botos no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Destaca-se, ainda, que a presença de outras espécies de cetáceos ameaçadas (como a toninha Pontoporia blainvillei e a baleia-franca Eubalaena australis) e de pinípedes (leão-marinho Otaria byronia e lobo-marinho Arctocephalus australis) também contribuíram para qualificar a IMMA “Ecossistemas costeiros do Sul do Brasil e do Uruguai” como uma das áreas prioritárias para os mamíferos marinhos no Brasil.

Para quem trabalha com a conservação de espécies ameaçadas, como nós do Projeto Botos da Barra (Ceclimar/CLN/UFRGS), é uma alegria imensa ver políticas como as IMMAs em ação na América Latina. É um momento para agradecer os esforços de todos/as colegas que trabalharam e batalharam por esse reconhecimento internacional (como Projeto Gephyreus, entre tantos outros!) e ajudar na divulgação de como priorizações como essa podem impactar positivamente as políticas nacionais e latino-americanas.

A priorização e o reconhecimento dessa IMMA se somam a outras políticas públicas que têm buscado contribuir para a conservação do boto-de-Lahille, como sua inclusão no Plano de Ação Nacional dos Cetáceos Marinhos Ameaçados de Extinção e a patrimonialização da Pesca Artesanal com Auxílio de Botos no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Confira o vídeo com as informações


Foto- Elisa Ilha-Projeto Botos da Barra

Fauna News

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