Pesca do camarão rosa no litoral gaúcho: desafios e expectativas
◔ 14/01/2025 17h52min ‣ Categoria: Geral ‣ Tags: #pesca do camarão #camarão rosa #Tramandaí #Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí #Parque Nacional da Lagoa do Peixe #Lagoa dos PatosA pesca do camarão rosa no litoral gaúcho é de extrema importância para o sustento de milhares de famílias, além de ser um incremento no turismo e desenvolvimento econômico. Entretanto, os pescadores enfrentam desafios que muitas vezes podem trazer sérios prejuízos. Entre eles, as condições climáticas onde em 2024, por exemplo, devido ao excesso de chuvas o camarão praticamente não apareceu, há também questões legais em relação a abertura da época da pesca que depende, em alguns casos, de portaria ministeriais e as estiagens que são sazonais.
No Rio Grande do Sul há três pontos onde a captura do camarão rosa se destaca: Bacia do Rio Tramandaí em Tramandaí, Imbé e Cidreira, Lagoa do Peixe em Mostardas e Tavares e Lagoa dos Patos, em Rio Grande, São José do Norte e Pelotas. Em anos de boa safra, a quantidade de camarão rosa pode chegar a 6 mil toneladas na região da Lagoa dos Patos. Na Bacia do Rio Tramandaí e Lagoa do Peixe as quantidades são menores.
Bacia do Rio Tramandaí
A safra do camarão rosa na Bacia do Rio Tramandaí ainda não está autorizada. Pescadores aguardam ansiosos a portaria que libera a pesca do crustáceo. Esta liberação pode acontecer a qualquer momento uma vez que os estudos de biometria do camarão rosa foram realizados pelo Ceclimar (Centro de Estudos Costeiros Limnológicos e Marinhos da UFRGS) entre os meses de novembro e dezembro e o relatório e apontaram que o camarão já está com o tamanho adequado para a captura (9 cm).
Conforme a Instrução Normativa Nº 17/2004 do Ministério do Meio Ambiente, que rege a pesca na região da Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí, a data de abertura da safra de camarão não é fixa, sendo determinada a partir de um acompanhamento do comprimento e da abundância dos crustáceos neste ambiente. O relatório foi encaminhado em 31 de dezembro ao Ministério da Pesca e Aquicultura e ao Ministério do Meio Ambiente.
Pescadores dizem que a expectativa da safra é boa, mas que a autorização para a pesca está demorando. " Os clientes estão procurando o camarão, mas infelizmente não podemos pescar. Sabemos que tem camarão e está muito difícil sobreviver."dizem alguns pescadores.
Na Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí, segundo a Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, cerca de 200 famílias são impactadas diretamente pela pesca do camarão.
Parque Nacional da Lagoa do Peixe
A safra do camarão rosa no Parque Nacional da Lagoa do Peixe, em Tavares, no litoral gaúcho, foi oficialmente iniciada no dia 9 de janeiro. A atividade é fundamental para 202 famílias de pescadores artesanais, cadastradas junto ao ICMBio, sendo 47 de Mostardas e 155 de Tavares. A Lagoa do Peixe, além de fonte de renda para essas famílias, é uma área de conservação que serve de alimento para aves migratórias.
As extensionistas da Emater/RS-Ascar Sarah Fiorelli e Neiva Borges acompanharam o início das atividades, incluindo a colocação de redes e a despesca realizada no dia seguinte ao alvorecer. A expectativa dos pescadores é de uma safra produtiva, com a retirada estimada de 400 toneladas de camarão até o fim de maio. Edmilson Jesus da Costa, pescador artesanal de Tavares, relatou satisfação com o início da safra e confiança em resultados semelhantes aos do ano anterior.
A abertura da pesca foi definida em reunião no dia 03/01, com base em discussões entre monitores de pesca e o ICMBio, respaldadas por dados técnicos e um termo de compromisso vigente entre as partes. O monitoramento do tamanho do camarão rosa, realizado ao longo do ano pelos pescadores monitores, é um dos critérios para a liberação da atividade.
A pesca é regulada por um termo de compromisso entre o ICMBio e os pescadores cadastrados, que estabelece critérios como o tamanho mínimo de 8cm para captura, visando um manejo sustentável dos recursos naturais. Durante a safra, pescadores monitores retiram amostras semanais para medir, registrar condições ambientais e sistematizar os dados por meio do CPSul. Nos períodos de entressafra, o monitoramento é realizado quinzenalmente, com a utilização de três redes para amostragem por pescador monitor. O sistema de monitoramento participativo reforça a relação entre pescadores e gestores do parque, promovendo transparência e valorizando os modos de vida tradicionais da comunidade pesqueira.
Lagoa dos Patos
Com início marcado para 1º de fevereiro e término em 31 de maio, a safra de camarão de 2025 traz desafios e expectativas para os pescadores do Sul do Estado. Segundo o secretário de Pesca de Rio Grande, Bercílio Silva, o início da captura do crustáceo será difícil, mas há esperanças de melhora a partir de março, quando o clima deve favorecer o desenvolvimento do camarão.
A reprodução e o crescimento do camarão dependem da entrada de água salgada do mar na Lagoa dos Patos, um fenômeno que ocorre quando o nível da lagoa diminui e os ventos empurram água do Oceano Atlântico para o estuário. Recentemente, essas condições começaram a se intensificar, o que é um bom sinal para a safra. São necessários cerca de 90 dias para que o camarão atinja o tamanho ideal para comercialização, com expectativas mais promissoras para março de 2025.
As previsões indicam uma safra um pouco melhor do que a de 2024, quando a enchente de setembro elevou o nível da Lagoa dos Patos e impediu a salinização necessária para a reprodução do camarão. Em 2025, as condições parecem mais favoráveis, o que anima os pescadores.
Rio Grande possui atualmente cerca de 4 mil pescadores artesanais, enquanto São José do Norte conta com aproximadamente 1.200. No último ano, esses pescadores receberam apoio da comunidade e do Estado para garantir o sustento diante da baixa produção.
Foto- Divulgação
Dapraia News/Emater. ClicPelotas